quinta-feira, 24 de maio de 2012

A Origem do Futebol no Brasil




Nascido no Brás, bairro paulistano, Charles William Miller, filho de pai escocês e mãe brasileira de ascendência inglesa, mudou-se para a Inglaterra aos nove anos de idade para estudar.

Charles Miller


Lá conheceu o futebol, o críquete e o rugby.

Retornou ao Brasil em 1894 trazendo na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba para encher bolas e uniformes usados.

Divulgou o esporte nos clubes da elite paulistana.

Por seu pioneirismo e por ter difunfido o futebol no país, é considerado o pai do futebol no Brasil. 

Esperem...

Essa é a versão oficial sobre o início desse esporte no Brasil, mas não é a única.

O futebol pode ter chegado com os jesuítas.

Antes de Charles Miller o colégio jesuíta São Luís, de Itu-SP, já praticava o futebol.

Formado em História pela UNICAMP, José Moraes dos Santos Neto dedica-se há vários anos a pesquisar temas diversos relativos ao futebol brasileiro.

Já tem publicado alguns livros, entre eles: Visão do Jogo - Primórdios do Futebol no Brasil.

Nesse livro, o autor defende a tese de que o futebol chegou ao Brasil em 1886, oito anos antes da chegada de Miller.

Vivíamos no Brasil Império. O imperador D. Pedro II pediu a Rui Barbosa, deputado provincial pela Bahia, para que ele escrevesse um parecer sobre o sistema educacional brasileiro.

Em seu parecer (Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública), uma das primeiras sugestões de Rui Barbosa foi a introdução de esportes ao ar livre.



Um dos primeiros colégios a se adaptarem ao parecer de Rui Barbosa foi o colégio jesuíta São Luís.

Os dados levantados pelo historiador estão baseados em atas do colégio São Luís. São relatórios escritos em latim, Italiano e há alguns textos já traduzidos para o português.

Nessa época existia um grande fluxo de jesuítas que vinham da Europa para o Brasil trazendo de lá as novidades, inclusive em relação aos esportes.

Um desses jesuítas que chegou ao colégio foi o padre José Montero, que no futuro tornaria-se reitor.

No retorno de uma viagem à Europa o padre José Montero trouxe duas bolas de capotão. Uma curiosidade: as câmaras de ar foram substituídas por bexiga de boi.

Os jogos começaram a ser organizados. Eram disputados em quadra de concreto, os alunos jogavam com suas calças normais e não existiam regras como as que conhecemos hoje.

Numa segunda fase da implantação do futebol, em 1987, os times foram divididos em camisas verdes contra camisas vermelhas, no lugar da calça a bermuda, e duas marcas foram desenhadas na parede simbolisando o gol.

Em 1893 o padre espanhol Luiz Yábar assume como novo reitor.

No ano seguinte teria feito uma revolução.

Trouxe novas regras, o jogo foi se aperfeiçoando, o campo foi tomando dimensões exatas, as traves foram criadas.

Antigo colégio jesuíta São Luís - (Itu-SP)

Muitos pesquisadores concordam que antes de Miller já existia o futebol no Brasil, porém, era um jogo diferente, um jogo de recreio, sem importância histórica, pois não foi responsável por difundir o futebol por todo o Brasil.

Entretanto, José Moraes dos Santos Neto recuperou a lista de alunos do colégio São Luís na época em que o futebol virou disciplina escolar.

Um dos estudantes dessa lista foi Arthur Ravache, um dos fundadores do Sport Club Germânia, time da colônia alemã da elite paulistana, fundado em 1899. Outros alunos desse mesmo colégio também levaram o futebol para a Bahia e para o sul de Minas Gerais.

No livro De Olho no Futebol, o jornalista Celso Unzelte cita a prática do futebol antes de Charles Miller, confirmando a tese do pesquisador de Campinas.

Em uma entrevista Celso Unzelte diz: "cai aquele mito de que o Charles Miller teria trazido uma bola debaixo de cada braço e apresentado a nós brasileiros da época".

A idéia não é polemizar, mas conhecer e expor aos amigos outras informações que podem nos ajudar a compreender melhor a origem dessa paixão que é o futebol.

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