segunda-feira, 28 de maio de 2012

Do Primeiro ao Atual Hino Oficial do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

Lupicínio Rodrigues


Os leitores já perceberam que este espaço tem um apreço especial pela música. Vejam as publicações anteriores, Homenagem a Lamartine Babo e Primeiro Hino do Corinthians.

Vamos conhecer um pouco da história do Hino do Grêmio-RS para não perder o costume de misturar Futebol e Música.

Apesar de ter sido fundado no ano de 1903, o primeiro hino do Grêmio foi composto apenas em 1924.

A composição é de autoria de Isolino Leal.

Uma letra muito forte, imponente, e que demonstra o amor ao clube.

Infelizmente não localizamos nenhuma gravação oficial desse hino, mas apresentamos a letra:


Primeiro Hino Oficial do Grêmio
Isolino Leal

Vibre em nós a luz da energia
que dá fulgor e faz heróis;
músculos de aço e varonia
nos façam da pátria áureos sóis

Do sul ao norte
Nos seja prêmio
A fé no Grêmio
Invicto e forte!

A nobreza, se o prélio freme,
é quem inspira o coração
Da nossa gente que não treme,
e luta sempre como um leão.

Do sul ao norte...

Filhos do Pampa erguendo a fama
Desta terra de honra e valor,
com a alma acesa, em viva chama,
por ela cante o nosso amor!

Do sul ao norte...


Pouco tempo depois, no ano de 1946, a diretoria do Grêmio promoveu um concurso para escolher um novo hino para o clube que se tornaria oficial.

O vencedor foi Breno Blauth, filho de Otto Blauth, ex-conselheiro do Grêmio.

A composição vencedora intitulava-se a Marcha de Guerra do Grêmio e foi gravada pelo cantor Alcides Gonçalves.

Segundo Hino Oficial do Grêmio
(Marcha de Guerra do Grêmio)
Breno Blauth




Abram alas, abram alas
Lá vem o quadro tricolor
Nós estamos confiantes
No nosso Onze de valor
Nosso time da Baixada
Não tem receio de nenhum
Pois a bola vai ao golo
E a torcida quer mais um
O Grêmio é o tal
Não teme seu rival
É o mosqueteiro do esporte nacional
O nosso tricolor
É um quadro de valor
ele é fidalgo, é destemido e é leal
Viva o Grêmio, viva o Grêmio
Não ganhará o jogo em vão
De conquista em conquista
Vai ser de novo campeão
Nosso time da Baixada
Não tem receio de nenhum
Pois a bola vai ao golo
E a torcida quer mais um
O Grêmio é o tal...


Visando as comemorações de seu cinquentenário, o clube decidiu escolher um novo hino através de um concurso.

O Boêmio Lupicínio Rodrigues, torcedor do Grêmio, faturou o concurso com a composição que embala as conquistas tricolores até os dias hoje.

Lupe, como era conhecido desde pequeno, incluiu na letra uma frase de Salim Nigri: "Com o Grêmio, onde estiver o Grêmio", com um pequeno ajuste: "Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver".


Hino Oficial do Grêmio (Atual)
Lupicínio Rodrigues
Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

50 anos de glória
Tens imortal tricolor
Os feitos da tua história
Canta o Rio Grande com amor

Nós como bons torcedores
Sem hesitarmos sequer
Aplaudiremos o Grêmio
Aonde o Grêmio estiver

Lara o craque imortal
Soube seu nome elevar
Hoje com o mesmo ideal
Nós saberemos te honrar

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver.


Continuarei procurando algum registro da gravação do primeiro hino de Isolino Leal. Caso consiga, atualizarei este post.

sábado, 26 de maio de 2012

Os Maiores Artilheiros de Clubes Brasileiros

Pelé - O maior de todos os artilheiros.


O levantamento que vamos apresentar não é inédito, já que podemos encontrar com facilidade na internet. 

Porém, o que me chamou a atenção, foi o desencontro de informações que existe entre um levantamento e outro.

Para tentar trazer dados oficiais neste espaço, iniciei uma nova pesquisa consultando fontes oficiais e confiáveis.

Descobri algumas coisas bem interessantes, como: Clubes que não respeitam a sua própria história, pois não possuem sequer um arquivo digital para os torcedores consultarem; Dados de fontes oficiais incorretos (pesquisadores comprovaram novos números); etc...

Dentro do que era possível, buscando as melhores fontes, estamos trazendo para os leitores a relação dos maiores artilheiros de clubes do futebol brasileiro.

Sempre que possível, para não ficarmos apenas na quantidade de gols que cada jogador fez, incluímos também o período em que atuou e o número de jogos que fez pelo clube e, por consequência, sua média de gols.


Clube: Santos Futebol Clube
Artilheiro: Edson Arantes do Nascimento - "Pelé"
Nº de gols: 1091
Nº de jogos: 1116
Média de gols: 0,98
Período: 1956-1974
Curiosidade: Em 1964 Pelé marcou 8 gols na partida Santos 11 x 0 Botafogo-SP

Clube: Sport Club Corinthians Paulista
Artilheiro: Cláudio Christovam de Pinho - "Cláudio - O Gerente"
Nº de gols: 306
Nº de jogos: 554
Média de gols: 0,55
Período: 1945-1957 
Curiosidade: Foi o líder de uma das maiores equipes do Corinthians de toda a história ao lado de Luizinho, Baltazar, Rafael, Simão e Carbone.

Clube: Sociedade Esportiva Palmeiras
Artilheiro: Heitor Marcelino Domingues - "Heitor"
Nº de gols: 284
Nº de jogos: 330
Média de gols: 0,86
Período: 1916-1931
Curiosidade: Em 1920 chegou a marcar 6 gols em uma única partida pelo Palestra.

Clube: São Paulo Futebol Clube
Artilheiro: Sérgio Bernardino - "Serginho Chulapa"
Nº de gols: 243
Nº de jogos: 401
Média de gols: 0,61
Período: 1973-1982
Curiosidade: Foi artilheiro de 4 campeonatos paulistas e dois campeonatos brasileiros.

Clube: Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Artilheiro: Alcindo Martha de Freitas - "Alcindo, o Bugre"
Nº de gols: 264
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1964-1971 e 1976-1977
Curiosidade: O maior artilheiro da história do Grêmio foi revelado nas categorias de base do rival Internacional-RS.

Clube: Sport Club Internacional
Artilheiro: Alberto Zolim Filho - Carlitos
Nº de gols: 485
Nº de jogos: 384
Média de gols: 1,26
Período: 1938-1951
Curiosidade: Consquistou 10 títulos de campeão gaúcho pelo Inter.


Clube: Clube de Regatas do Flamengo
Artilheiro: Arthur Antunes Coimbra - "Zico"
Nº de gols: 509
Nº de jogos: 732
Média de gols: 0,70
Período: 1971-1983 e 1985-1989
Curiosidade: Maior artilheiro de todos os tempos do estádio Maracanã com 333 gols.

Clube: Club de Regatas Vasco da Gama
Artilheiro: Carlos Roberto de Oliveira - "Roberto Dinamite"
Nº de gols: 644
Nº de jogos: 955
Média de gols: 0,67
Período: 1971-1989 e 1992
Curiosidade: Após um triunfo de 2 x 0 sobre o Internacional-RS o Jornal dos Sports estampou a manchete "Garoto Dinamite Explode no Maracanã", consagrando o apelido.
 
Clube: Fluminese Football Club
Artilheiro: Waldo Machado da Silva - "Waldo"
Nº de gols: 314
Nº de jogos: 403
Média de gols: 0,78
Período: 1954-1961
Curiosidade: Habilidade não era seu forte, mas sentia o cheiro de gol. Seus gols eram de canela, de bico, esbarrão, mas raramente perdia uma oportunidade.

Clube: Botafogo de Futebol e Regatas
Artilheiro: Waldir Cardoso Lebrêgo - "Quarentinha"
Nº de gols: 308
Nº de jogos: 442
Média de gols: 0,70
Período: 1954-1965
Curiosidade: Não comemorava seus gols. Dizia que não havia motivos já que estava apenas cumprindo a sua obrigação.

Clube: Cruzeiro Esporte Clube
Artilheiro: Eduardo Gonçalves de Andrade - "Tostão"
Nº de gols: 249
Nº de jogos: 373
Média de gols: 0,67
Período: 1963-1972
Curiosidade: Tostão possui a maior média de gols do estádio Mineirão.

Clube: Clube Atlético Mineiro
Artilheiro: José Reinaldo de Lima - "Reinaldo"
Nº de gols: 255
Nº de jogos: 475
Média de gols: 0,54
Período: 1973-1985
Curiosidade: Reinaldo afirmou não ter ido à Copa do Mundo de 82 pelo fato do então técnico da Seleção, Telê Santana, acreditar que ele estivesse tendo relações sexuais com homosexuais.
 
Clube: Coritiba Foot Ball Club
Artilheiro: Duílio Dias Nascimento - "Duílio"
Nº de gols: 202
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1954-1963
Curiosidade: Conquistou 5 títulos estaduais e viu seu filho conquistar mais dois títulos pelo Coxa na década de 70.

Clube: Clube Atlético Paranaense
Artilheiro: Barcímio Sicupira Júnior - "Sicupira"
Nº de gols: 158
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1968-1975
Curiosidade: Artilheiro dos campeonatos paranaenses de 1970 e 1972.

Clube: Paraná Clube
Artilheiro: Saulo da Fé de Freitas - "Saulo"
Nº de gols: 104
Nº de jogos: 208
Média de gols: 0,50
Período: 1991-1993 e 1994-1996
Curiosidade: Além das duas passagens como jogador , Saulo também teve duas passagens como treinador do Paraná Clube.

Clube: Esporte Clube Bahia
Artilheiro: Carlos Domingues Viana - "Carlito"
Nº de gols: 253
Nº de jogos: 341
Média de gols: 0,74
Período: 1946-1959
Curiosidade: É o maior goleador do clássico Ba-Vi com 21 gols marcados.

Clube: Goiás Esporte Clube
Artilheiro: Túlio Humberto Pereira Costa - "Túlio Maravilha"
Nº de gols: 187
Nº de jogos: 223
Média de gols: 0,84
Período: 1988-1992
Curiosidade: É também o maior artilheiro do rival Vila Nova com 99 gols.
 
Clube:Associação Atlética Ponte Preta
Artilheiro: Oscar Sales Bueno Filho - "Dicá"
Nº de gols: 154
Nº de jogos: 581
Média de gols: 0,27
Período: 1966-1971, 1972-1972 e 1976-1984
Curiosidade: Ao lado de Rui Rei, disputou as três partidas finais do campeonato paulista de 1977 que culminou com o título corinthiano que não vinha desde 1954.

Clube: Guarani Futebol Clube
Artilheiro: Luiz Stevan de Siqueira Neto - "Zuza"
Nº de gols: 149
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1930-1931 e 1941-1948
Curiosidade: Foi campeão paulista pelo Corinthians e pelo Palestra Itália.

Clube: Associação Portuguesa de Desportos
Artilheiro: José Lázaro Robles - "Pinga"
Nº de gols: 190
Nº de jogos:270
Média de gols: 0,70
Período: 1944-1953
Curiosidade: Ajudou a Portuguesa a conquistar o torneio Rio-São Paulo de 1952.

Clube: Clube Náutico Capibaribe
Artilheiro: Silvio Tasso Lasalvia - "Bita"
Nº de gols: 221
Nº de jogos: 319
Média de gols: 0,69
Período: 1962-1966 e 1967-1968
Curiosidade: Marcou 4 gols no Santos de Pelé, em pleno Pacaembu, pela taça Brasil de 1966.

Clube: Sport Club do Recife
Artilheiro: José Roque Paes - "Traçaia"
Nº de gols: 202
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1955-1962
Curiosidade: Até pouco tempo atrás eram 201 gols pelo Sport, porém, recentemente o pesquisador Carlos Celso Cordeiro descobriu mais um gol, contra o Osasuña, em uma excursão do Sport à Europa em 1957.

Clube: Santa Cruz Futebol Clube
Artilheiro: Humberto de Azevedo Viana - "Tará"
Nº de gols: 207
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1931-1942 e 1948
Curiosidade: Tará marcou 10 gols no jogo Flamengo do Recife 3 x 21 Santa Cruz.

Clube: Ceará Sporting Club
Artilheiro: Gildo Fernades de Oliveira - "Gildo"
Nº de gols: 246
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1960-1966 e 1969-1791
Curiosidade: Hoje trabalha como funcionário do Ceará Sporting Club.

Clube: Fortaleza Esporte Clube
Artilheiro: Edson José de Sousa - "Croinha"
Nº de gols: 138
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: Anos 60 e 70.
Curiosidade: Foi vice-campeão da Taça Brasil de 1969.

Clube: Esporte Clube Juventude
Artilheiro: Mário Marcos Martini - "Mário Martini"
Nº de gols: 217
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1932-1947
Curiosidade: Sexto maior artilheiro de um clube gaúcho.

Clube: Clube do Remo
Artilheiro: Eduardo Soares - "Dadinho"
Nº de gols: 163
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1983-1986
Curiosidade: Maior artilheiro do campeonato paraense nas edições de 1983, 1985, 1986 e 1989.

Clube: América Football Club
Artilheiro: Luís Alberto da Silva Lemos - "Luisinho Lemos"
Nº de gols: 311
Nº de jogos:  -
Média de gols:  -
Período: 1973-1974 e 1982-1984
Curiosidade: Também era conhecido por Luizinho Tombo. Irmão de Caio Cambalhota e César Maluco, outros centroavantes do futebol brasileiro.

Clube: Bangu Atlético Clube
Artilheiro: Ladislau Antônio da Guia - "Ladislau da Guia"
Nº de gols: 215
Nº de jogos: 181
Média de gols: 1,19
Período: 1926-1940
Curiosidade: Era irmão mais velho de Domingos da Guia e tio de Ademir da Guia.

Há muitos outros clubes tradicionais do futebol brasileiro que merecem entrar nesta lista com seus maiores artilheiros. Entretanto, não está fácil conseguir as informações necessárias.

Caso alguém possua informações confiáveis para que possamos ampliar nossa relação, entre em contato conosco.



quinta-feira, 24 de maio de 2012

A Origem do Futebol no Brasil




Nascido no Brás, bairro paulistano, Charles William Miller, filho de pai escocês e mãe brasileira de ascendência inglesa, mudou-se para a Inglaterra aos nove anos de idade para estudar.

Charles Miller


Lá conheceu o futebol, o críquete e o rugby.

Retornou ao Brasil em 1894 trazendo na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba para encher bolas e uniformes usados.

Divulgou o esporte nos clubes da elite paulistana.

Por seu pioneirismo e por ter difunfido o futebol no país, é considerado o pai do futebol no Brasil. 

Esperem...

Essa é a versão oficial sobre o início desse esporte no Brasil, mas não é a única.

O futebol pode ter chegado com os jesuítas.

Antes de Charles Miller o colégio jesuíta São Luís, de Itu-SP, já praticava o futebol.

Formado em História pela UNICAMP, José Moraes dos Santos Neto dedica-se há vários anos a pesquisar temas diversos relativos ao futebol brasileiro.

Já tem publicado alguns livros, entre eles: Visão do Jogo - Primórdios do Futebol no Brasil.

Nesse livro, o autor defende a tese de que o futebol chegou ao Brasil em 1886, oito anos antes da chegada de Miller.

Vivíamos no Brasil Império. O imperador D. Pedro II pediu a Rui Barbosa, deputado provincial pela Bahia, para que ele escrevesse um parecer sobre o sistema educacional brasileiro.

Em seu parecer (Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública), uma das primeiras sugestões de Rui Barbosa foi a introdução de esportes ao ar livre.



Um dos primeiros colégios a se adaptarem ao parecer de Rui Barbosa foi o colégio jesuíta São Luís.

Os dados levantados pelo historiador estão baseados em atas do colégio São Luís. São relatórios escritos em latim, Italiano e há alguns textos já traduzidos para o português.

Nessa época existia um grande fluxo de jesuítas que vinham da Europa para o Brasil trazendo de lá as novidades, inclusive em relação aos esportes.

Um desses jesuítas que chegou ao colégio foi o padre José Montero, que no futuro tornaria-se reitor.

No retorno de uma viagem à Europa o padre José Montero trouxe duas bolas de capotão. Uma curiosidade: as câmaras de ar foram substituídas por bexiga de boi.

Os jogos começaram a ser organizados. Eram disputados em quadra de concreto, os alunos jogavam com suas calças normais e não existiam regras como as que conhecemos hoje.

Numa segunda fase da implantação do futebol, em 1987, os times foram divididos em camisas verdes contra camisas vermelhas, no lugar da calça a bermuda, e duas marcas foram desenhadas na parede simbolisando o gol.

Em 1893 o padre espanhol Luiz Yábar assume como novo reitor.

No ano seguinte teria feito uma revolução.

Trouxe novas regras, o jogo foi se aperfeiçoando, o campo foi tomando dimensões exatas, as traves foram criadas.

Antigo colégio jesuíta São Luís - (Itu-SP)

Muitos pesquisadores concordam que antes de Miller já existia o futebol no Brasil, porém, era um jogo diferente, um jogo de recreio, sem importância histórica, pois não foi responsável por difundir o futebol por todo o Brasil.

Entretanto, José Moraes dos Santos Neto recuperou a lista de alunos do colégio São Luís na época em que o futebol virou disciplina escolar.

Um dos estudantes dessa lista foi Arthur Ravache, um dos fundadores do Sport Club Germânia, time da colônia alemã da elite paulistana, fundado em 1899. Outros alunos desse mesmo colégio também levaram o futebol para a Bahia e para o sul de Minas Gerais.

No livro De Olho no Futebol, o jornalista Celso Unzelte cita a prática do futebol antes de Charles Miller, confirmando a tese do pesquisador de Campinas.

Em uma entrevista Celso Unzelte diz: "cai aquele mito de que o Charles Miller teria trazido uma bola debaixo de cada braço e apresentado a nós brasileiros da época".

A idéia não é polemizar, mas conhecer e expor aos amigos outras informações que podem nos ajudar a compreender melhor a origem dessa paixão que é o futebol.

domingo, 20 de maio de 2012

A Fita Azul


No início da década de 50 a Confederação Brasileira de Desportos-CBD, antecessora da CBF, institui a Fita Azul, um título honorário concedido aos clubes brasileiros que excursionavam pelo mundo e retornavam ao Brasil de forma invicta. Uma forma de gratificar os clubes que representaram bem o Brasil pelo mundo.

Era muito comum os clubes brasileiros excursionarem pelo interior do Brasil e também no exterior. Isso era possível porque o calendário do futebol contava com grandes janelas sem nenhuma competição. Também era uma forma de reduzir a ociosidade.

Pouco tempo depois a própria CBD acabou desistindo da idéia. Um jornal esportivo conceituado de São Paulo, a Gazeta Esportiva, decidiu continuar com a premiação por mais algum tempo, mas logo desistiu.

Nos primeiros anos era necessário que o clube jogasse no mínimo 10 partidas para ter direito à honraria. Posteriormente, a quantidade mínima de jogos caiu para 6 partidas.

Na época em que a Fita Azul foi instituída os clubes brasileiros não participavam de nenhuma competição internacional oficial, dessa forma, a premiação tinha grande significado para os torcedores. 

Na sequência, com o início das competições internacionais de clubes, a Fita Azul foi deixando de ter a mesma importância que tinha nos primeiros anos.

Ninguém conquistou a Fita Azul tantas vezes quanto a Associação Portuguesa de Desportos. Foram três excursões pelo mundo que terminaram de forma invicta para a Lusa.

Veja a relação dos clubes que receberam o prêmio:

1951 -  Portuguesa (12 jogos - 11 vitórias - 1 empate)

1952 - Corinthians (15 jogos - 15 vitórias)

1953 - Portuguesa (10 jogos - 7 vitórias - 3 empate)

1954 - Portuguesa (19 jogos - 14 vitórias - 5 empate)

1959 - Portuguesa Santista (15 jogos - 15 vitórias)

1962 - Caxias-RS (12 jogos - 9 vitórias - 3 empate)

1962 - Bangu-RJ (12 jogos - 8 vitórias - 4 empate)

1964 - São Paulo (11 jogos - 8 vitórias - 3 empate)

1972 - Coritiba (6 jogos - 4 vitórias - 2 empate)

1972 - Santos (17 jogos - 15 vitórias - 2 empate)

1980 - Santa Cruz (12 jogos - 11 vitórias - 1 empate)


O Santa Cruz recebeu a premiação pela última vez.

As competições internacionais já eram uma realidade. O calendário dos principais clubes brasileiros já não proporcionavam oportunidades para as excursões pelo mundo e o torcedor não via na Fita Azul a mesma importância de outrora. Tudo isso contribuiu para a extinção do prêmio.

Ainda hoje os clubes que conquistaram a premiação contam com orgulho as suas aventuras ao redor do mundo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Teatro dos Sonhos"

Caros apreciadores do Esporte Bretão, hoje estarei postando um pouco da historia de um dos mais emblemáticos palcos esportivos do mundo. O Old Trafford ou "Teatro dos Sonhos" como é carinhosamente chamado o estádio do Manchester United.


 Quando se entra no "Teatro dos Sonhos"(assim apelidado por Sir Bobby Charlton) não se entra em qualquer estádio, por ali passam as paixões de milhões de fãs de todo o mundo em 99 anos. Fundado em 1910 todos as alegrias do United estão ali presentes, todas as jogadas maravilhosas de Sir Bobby Charlton, todos os momentos mágicos de George Best, todas as explosões de Bryan Robson, todos os triunfos de Eric Cantona, todos os passes mágicos de David Beckham toda a força de Roy Keane e todas as arrancadas de Ryan Giggs, todos os gols de Ruud Van Niestelrooy estão todos presentes neste Teatro dos Sonhos. Neste campo de Old Trafford passaram várias gerações desde os Busby Babes até aos Fergie Babes, e em todos estes anos o clube foi ganhando o status que hoje tem em todo mundo, o status de mais rico, mais ambicioso, mais poderoso e melhor clube em todo o mundo. Old Trafford, estará para sempre ligado ao Manchester United, mesmo depois do bombardeio Alemão durante a Segunda Guerra Mundial ficando parcialmente destruído, o que obrigou o clube a jogar no campo do seu rival Manchester City, mas renasceu das cinzas e trouxe consigo a glória maravilhosa deste clube do Norte da Inglaterra.

Desde Maio de 1989 que tem a capacidade de 56.000 espectadores, as cadeiras são todas cobertas com placa de vidro especialmente fabricada para Old Trafford, o campo é um dos melhores campos Ingleses com uma vasta gama de recursos ao nível de escoamento de água, vestiários de luxo, banco dos suplentes aquecido e segurança. Em 1996 recebeu melhorias para o Europeu de futebol em 2000 e foi ampliado para 67.500 lugares com a construção da nova arquibancada Leste, fazendo dele o segundo maior estádio na Inglaterra só batido pelo famoso Wembley. Com quatro parques de estacionamento grátis no dia dos jogos, três lojas oficiais com artigos exclusivos do clube, dois fabulosos hotéis de cinco estrelas, um restaurante panorâmico sobre a cidade de Manchester e sobre o campo, um super museu com todos os troféus do clube, um vistoso café que transmite o canal do clube, um campo de treinos com instalações modernas e funcionais com duas arquibancadas laterais onde jogam habitualmente os jogadores mais jovens com menos de 15 anos e a equipe feminina do clube, instalações de alto nível para visualização de vídeos, um centro de administração, uma central de comando do próprio canal de televisão Manchester United TV bem como estúdios para gravação e transmissão de eventos desportivos para todo mundo, uma catedral para casamentos e batizados, uma estação de rádio local, uma super-avenida Sir Matt Busby Way de acesso ao estádio, camarotes presidenciais e um sistema de vigilância super sofisticado, tudo isto e muito mais faz de Old Trafford um dos mais belos e místicos estádios do mundo.

Muitos são os sócios do Manchester United, e ao domingo no dia do jogo muitos são aqueles que gostariam de estar assistindo o jogo ao vivo em Old Trafford, mas neste momento só tem a capacidade de 67.500 espectadores. Muitos se queixam que o clube com a grandeza que tem deveria ter um estádio do tamanho apropriado para que todas as semanas milhares de adeptos pudessem partilhar esse momento mágico que é assistir a um jogo do United no ambiente de Old Trafford. Com a estabilidade do clube em termos de plantel, não poderiam poupar alguns milhões para no fim da temporada fazerem um estádio com 100.000 lugares ? Em vez disso o Manchester preferiu investir os seus milhões na fundação do seu próprio canal de televisão chegando assim aos seus associados e aos 4 cantos do mundo via satélite.

Como curiosidade o Manchester praticamente não vende bilhetes para os jogos em Old Trafford sendo estes comprados basicamente no inicio da temporada pelos sócios mais antigos. Existem filas de 4 anos!!! de sócios só para poderem adquirir um Season Ticket que pode rondar a quantia de 2000 euros... O clube em 2004 começou a efetuar um estudo de impacto para prepara a expansão do estádio para os 75.000 lugares sentados. De início pensou-se em construir um novo estádio no mesmo local que Old Trafford está construído mas, o plano foi abortado por falta de espaço para a expansão. Recorde-se que o estádio de um lado está rodeado pela grande avenida Sir Mattew Busby Way e ainda tem a estação de metrô adjacente. Foi assim necessário repensar o impacto de um novo estádio e projetar-se outro estudo, desta vez de ampliação do existente. O projeto está em estudo até final de 2004 para depois ser aprovados por investidores, acionistas e associados. Com a expansão do Teatro dos Sonhos, o nosso clube ficará com o segundo maior estádio do país com 75.000 lugares sentado, só batido pelo novo estádio de Wembley em Londres que suportará 80.000 espectadores.


Fotos:




Primeiro caso de doping do futebol brasileiro



Nascido em Pedro Leopoldo, estado de Minas Gerais, Cosme da Silva Campos, mais conhecido apenas como Campos, era uma grande promessa do futebol brasileiro no início dos anos 70.

Centroavante de origem, rápido, bom cabeceador, começou sua carreira no Atlético Mineiro em 1972 mas logo foi emprestado para o Nacional de Manaus.

Defendendo o Nacional, no campeonato brasileiro de 1972, chegou à vice-artilharia da competição com 14 gols. Apesar disso o time do Nacional-AM terminou o campeonato apenas com a 21ª colocação.

No ano seguinte, retornou ao Galo para ser campeão mineiro e conquistar a artilharia do campeonato com 15 gols.

Apesar disso, não foi apenas pelo futebol que Campos ficou marcado. 

O jogador protagonizou o primeiro caso de Doping registrado no futebol brasileiro, um escândalo para a época.

Entenda o caso:

No dia 04 de novembro de 1973 Vasco e Atlético-MG se enfrentaram pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano. 

Em uma dividida com o zagueiro René, do Vasco da Gama, Campos perdeu três dentes. O Vasco venceu o jogo pelo placar de 2 a 0.

Duas semanas depois, no dia 18 de novembro, novo confronto entre as duas equipes, desta vez no Mineirão, Belo Horizonte. O Atlético-MG venceu a partida por 2 a 1, sendo que os dois gols do galo foram marcados pelo artilheiro Campos.

Ao final da partida o centroavante foi pego no exame antidoping .

Foi um choque para futebol brasileiro. 

O jogador foi suspenso por seis meses e após o seu retorno aos gramados nunca mais conseguiu repetir o bom futebol.

A substância encontrada no exame antidoping foi a efedrina, droga que reduz a fadiga, aumenta a agressividade, diminui a sensibilidade à dor, entre outros efeitos.

Campos afirmou que, por conta das dores que estava sentindo devido ao choque com o zagueiro René, utilizou medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos sem saber que esses medicamentos poderiam conter efedrina.

Campos sempre alegou inocência. Acusou o médico do Atlético-MG de não ter comunicado à CBD, entidade máxima do futebol naquela época, da utilização desses medicamentos.

Campos ainda jogou em vários clubes e até na Seleção Brasileira, mas sem o mesmo brilho do início da carreira.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Regras 5 e 6 do Futebol - Arbitragem




Caros apreciadores do Esporte Bretão, hoje farei um comentário sobre uma das figuras mais polêmicas e controversas do ambiente futebolístico, a arbitragem, a autoridade máxima dentro do jogo.

Primeiramente, vou postar as Regras 5 e 6 do Futebol, ou seja, referente à arbitragem, para quem ainda não conhece ficar por dentro do que representa essa autoridade. Confira:


*Regra 5 - O árbitro

A autoridade do árbitro
Cada partida será controlada por um árbitro, que terá autoridade total para fazer cumprir as Regras de jogo na partida para a qual tenha sido designado.

Poderes e deveres
O árbitro:
  • fará cumprir as regras de jogo
  • controlará a partida em cooperação com os árbitros assistentes e, sempre que o caso o requeira, com o quarto árbitro.
  • Se assegurar de que as bolas utilizadas correspondam às exigências da Regra 2
  • Se assegurar de que o equipamento dos jogadores cumpra as exigências da Regra 4
  • Atuará como cronometrista e tomará nota dos incidentes na partida
  • Interromperá, suspenderá ou finalizará a partida quando julgue oportuno, no caso de que se cometam infrações as Regras de jogo.
  • Interromperá, suspenderá ou finalizará a partida por qualquer tipo de interferência externa.
  • interromperá o jogo se julga que algum jogador tenha sofrido uma lesão grave e se encarregará de que o mesmo seja transportado para fora do campo de jogo
  • Permitirá que o jogo continue até que a bola esteja fora de jogo, se julga que um jogador esta só levemente contundido
  • Se assegurar de que todo jogador que sofra uma lesão com sangramento saia do campo de jogo. O jogador só poderá reingressar depois do sinal do árbitro, que se certificará de que a ferida tenha deixado de sangrar.
  • Permitirá que o jogo continue se a equipe contra a qual se tenha cometido uma infração se beneficia de uma vantagem, e sancionará a infração cometida inicialmente se a vantagem prevista não se concretiza nesse momento · castigará a falta mais grave quando um jogador comete mais de uma infração ao mesmo tempo.
  • tomará medidas disciplinares contra jogadores que cometam faltas merecedoras de advertência ou expulsão. Não esta obrigado a tomar as medidas imediatamente, porém deverá fazê-lo apenas logo que se detenha o jogo.
  • tomará medidas contra os funcionários oficiais das equipes que não se comportem de forma correta e poderá, se o julga necessário, expulsá-los do campo de jogo e de seus arredores.
  • atuará conforme as indicações de seus árbitros assistentes em relação com incidentes que não tenha podido observar
  • não permitirá que pessoas não autorizadas entrem no terreno de jogo
  • reiniciará o jogo após uma interrupção
  • remeterá às autoridades competentes um informe da partida, com dados sobre todas as medidas disciplinares tomadas contra jogadores ou funcionários oficiais das equipes e sobre qualquer outro incidente que tenha ocorrido antes, durante e depois da partida.
Decisões do árbitro
As decisões do árbitro sobre fatos em relação com o jogo, são definitivas.
O árbitro poderá modificar sua decisão unicamente, se se dá conta de que é incorreta ou, se o julga necessário, conforme a uma indicação por parte de um árbitro assistente, sempre que não tenha reiniciado ainda o jogo.


*Regra 6 - Os árbitros assistentes

Deveres
Serão designados dois (2) árbitros assistentes que terão, sem prejuízo do que decida o árbitro, missão de indicar:
  • Se a bola tenha ultrapassado em sua totalidade os limites do campo de jogo
  • A que equipe corresponde efetuar os tiros de canto, de meta ou o arremesso lateral.
  • Quando se deverá sancionar a um jogador por ele estar em posição de impedimento
  • Quando se solicita uma substituição
  • Quando ocorre alguma falta ou outro incidente fora do campo visual do árbitro
Assistência
Os árbitros assistentes ajudarão igualmente o árbitro ao dirigir o jogo conforme as regras.
Em caso de intervenção indevida ou conduta incorreta de um árbitro assistente, o árbitro prescindirá de seus serviços e elaborará um informe para as autoridades pertinentes.


Quero lembrar que é uma opinião de torcedor e amante deste esporte. Não tenho formação de arbitragem, não sou diretor de clube e nem fui jogador, apenas peladeiro de final de semana.

Mas convenhamos, já passou da hora da Entidade Máxima do Futebol rever algumas regras do nosso amado Esporte Bretão, principalmente o que rege a figura da arbitragem.

A experiência usada nos campeonatos estaduais, de colocar mais árbitros assistentes na linha de fundo é válida, mas, ainda engessada. Ele pode marcar um pênalti? Essa é a dúvida que tenho até agora.

Mas já é um inicio. O futebol necessita dessas mudanças.

Por mais que seja um folclore a discussão dos erros de arbitragem após a partida, não se pode admitir mais a falta de profissionalismo com que é levada essa parte importantíssima do jogo.

Os clubes, jogadores e o mercado da bola em geral se profissionalizaram. É preciso agora fazer o mesmo com a arbitragem. 

Oferecer condições adequadas para exercer o seu papel com transparência e qualidade.

Creio que dessa forma, os erros serão menos grotescos e o futebol e seus amantes irão agradecer, por mais que a discussão de que se foi pênalti ou não é sempre válida.




Primeiro Hino Oficial do Sport Club Corinthians Paulista




Seguindo a linha da postagem de ontem - Uma homenagem  a Lamartine Babo -, em que relatei sobre a origem dos hinos dos clubes cariocas, resolvi escrever mais sobre os hinos dos grades clubes brasileiros.

Acontece que muitos outros clubes possuem hinos oficiais ou populares que não são os primeiros hinos de sua história.

E hoje é dia de falarmos sobre o hino do Corinthians Paulista.

Os famosos versos que dizem "Salve o Corinthians, o campeão dos campeões..." foram conhecidos pela torcida alvinegra do Parque São Jorge apenas em 1952. A composição do radialista Lauro d'Ávila ganhou a boca do povo no ano de 1954 com a conquista do título do IV Centenário da cidade de São Paulo.

Mas esse não foi o primeiro hino do clube.

Em 1930 aconteceu a gravação do 1º Hino Oficial do Corinthians.

A letra foi composta por Eduardo Dohmen, com música de La Rosa Sobrinho, e sua primeira interpretação foi feita por Guarani e Pirajá.


Letra:

Luctar... Luctar...
É o nosso lema sempre para a glória.

Jogar... Jogar...
É conquistar os louros da vitória.

E proclamar: nosso pendão é alvinegro
E sempre há de brilhar.

Flutuar, viril
Para a grandeza e a glória do Brasil.

CORINTHIANS! CORINTHIANS!

A glória será teu repouso.
E nós unidos sempre.
Elevaremos teu nome glorioso.
_____________________________

Uma letra muito bonita e bem orquestrada, mas que não se tornou tão popular.

No vídeo abaixo podemos ouvir a interpretação do primeiro hino.

Confiram:


terça-feira, 15 de maio de 2012

Que esporte é esse?


Caros apreciadores do Esporte Bretão, confesso que hoje não estou muito inspirado para escrever, mas vamos lá.

O que é o futebol? O que esse esporte realmente significa? O que ele representa na vida e no dia-a-dia das pessoas?

Às vezes me pego pensando nestes questionamentos. Que raios de esporte é esse que mexe tanto na vida e nas emoções de milhões de seres humanos?

Seja na Copa do Mundo, seja na Champions League, na Libertadores, no Brasileirão, nos Estaduais, no Campeonato Amador da sua cidade, no Interclasses do seu colégio, seja no desafio contra a outra rua do bairro, seja no campeonato de Futebol de Botão.

Muitas vezes não é o melhor time, nem o mais vitorioso, nem o mais rico ou muito menos o mais popular.

O futebol já pregou tantas peças que ninguém mais se arrisca em dizer antes de uma determinada partida qual o time será vencedor ou campeão.

Claro que existe o favoritismo, a qualidade técnica, a estrutura. Tudo isso ajuda, mas...

Quem não se lembra de 1950 ou de 1982...

Quem não se lembra do Asa de Arapiraca, do Cianorte ou do XV de Campo Bom?

Mas também nos proporcionou verdadeiras seleções, times épicos, mágicos e históricos.

Seleção Brasileira de 1970 e 1982, Seleção da Holanda de 1974, Santos de Pelé,  Academia do Palmeiras ,  Flamengo de Zico sem contar o Barcelona de hoje em dia.

Por essas e por outras que o futebol é apaixonante, cativante, quase uma religião, pois transforma o momento do gol num momento mágico, inesquecível, que ultrapassam décadas e fica guardado na memória e no coração do torcedor apaixonado.

por Rodrigues Júnior

Uma homenagem a Lamartine Babo


Hoje nossa homenagem vai para o compositor Lamartine Babo.

Nascido no Rio de Janeiro, no ano 1904, tornou-se mundialmente conhecido por suas marchinhas de carnaval.

Sucessos como "O teu cabelo não nega" mostram toda a sua irreverência e seu humor refinado.

Mas não é apenas pelo carnaval carioca que Lamartine Babo merece destaque.

Sua contribuição ao futebol brasileiro é notável.

No ano de 1949 compôs hinos alternativos para 11 clubes do futebol carioca.

Entre esses clubes destacamos: Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo e América. Este último, seu time do coração.

Para o Flamengo: "Uma vez Flamengo, sempre Flamengo...".

 

Até hoje esse não é o hino oficial do flamengo. Mas é o hino que embala as grandes conquistas do rubro-negro. Foi adotado pela sua gigantesca torcida.


Para o Fluminense: "Sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão...".
 

O Tricolor também possui dois hinos. Um chamado de Hino Oficial e outro, o de Lamartine Babo, conhecido como Hino Popular do Fluminense.



Para o Botafogo: "Botafogo, Botafogo campeão desde 1910...".
 
Este é o hino que está na cabeça e na boca dos torcedores do Glorioso, contudo, também não é o hino oficial do clube, que acabou sendo ofuscado pela composição de Lamartine Babo.


Para o Vasco da Gama: "Vamos todos cantar de coração, a cruz de malta é o meu pendão...".

Pesquisando no site do Vasco descobrimos que este foi o terceiro hino do clube. Diferente dos outros três grandes do Rio de Janeiro, a composição de Lamartine tornou-se o Hino Oficial do Vasco.



Vale lembrar que, em apenas um dia, ele compôs os hinos para seis dos maiores clubes do Rio. Na sequência compôs os demais.

Era uma promoção de um programa de rádio chamado Trem da Alegria, que lançou LPs de cada um dos 11 clubes.

Lamartine de Azeredo Babo faleceu no ano 1963, aos 59 anos de idade, deixando para nós, apaixonados por futebol, essa contribuição riquíssima.

No ano de 1981 a escola de samba Imperatriz Leopoldinense homenageou o compositor com o enredo "O teu cabelo não nega". Essa homenagem rendeu à escola de samba o título do carnaval carioca daquele ano.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Neymar, uma nova era ou a volta do futebol arte?




Caros apreciadores do Esporte Bretão, como é gostoso ver este menino Neymar tratar a bola como ela merece.

Seus dribles, sua forma de conduzir a bola, seus passes e seus gols fazem com que o torcedor santista e por que não, o torcedor brasileiro relembre de como nosso futebol já foi brilhante.

Já foi, isso mesmo, usei o verbo no passado. Infelizmente nosso futebol perdeu a essência.

Hoje o que vemos são jogadores fortes fisicamente, obedientes taticamente, mas, faltando o principal, ou seja, a habilidade, o improviso, o futebol do jeito brasileiro de ser.

E essa falta de essência já foi discutida por várias mesas redondas, vários programas esportivos e não é a minha intenção abrir mais uma exaustiva discussão.

O que quero com esse texto é apenas fazer esta pergunta para nós mesmos. Este menino Neymar, o futebol que ele pratica é uma nova era ou estamos começando a reviver o futebol arte?

Será que existe espaço para um menino habilidoso, inteligente e atrevido em nossas categorias de base ou as mesmas estão reféns dos brucutus sem malícia nenhuma que abarrotam nossos clubes?

Nosso futebol precisa reviver seus tempos de glórias, suas conquistas mas, principalmente, sua essência, sua ginga, seu diferencial.

Neymar está nos mostrando que é possível ser diferenciado, ou melhor, gênio mesmo numa época em que muitos maltratam a bola.

Parabéns Neymar, parabéns Santos Futebol Clube, nós torcedores agradecemos por estar revivendo um pouco de como que o futebol é mágico.

por Rodrigues Júnior.

O Botafogo ainda é um grande clube?



Sim, o Botafogo ainda é um grande clube.

Mas apenas pela sua história, não pelas suas últimas conquistas.

Aliás, quais foram suas últimas conquistas?

O Botafogo há muito tempo deixou de figurar entre as principais equipes do Brasil.

Contenta-se em, vez ou outra, chegar a uma decisão de campeonato carioca.

Mas o pior não é isso.

Analisando o balanço do clube e comparando com o balanço de outros grandes clubes no Brasil, chegamos à conclusão que o Botafogo é hoje um dos times que menos fatura.

Fica atrás do Coritiba, por exemplo.

A torcida botafoguense raramente lota o estádio.

O time está muito atrás de Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama.

Seu último título importante foi em 1995, quando conquistou o Brasileirão daquele ano.

Título, aliás, muito contestado pelo Santos. Não é pra menos.

Os torcedores do Botafogo podem se orgulhar da história do clube. É rica. Mas e hoje em dia?

Onde estão os craques como: Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zagallo, Gerson, Jairzinho...?

A verdade, caro botafoguense, é que se continuar nesse caminho, o Botafogo não será mais visto como um grande clube.

E não vai demorar.

Campeonato Brasileiro de 1976



Lá se vão quase 36 anos desde a decisão do campeonato brasileiro de 1976.

Um campeonato inchado que contou com a participação de nada menos que 54 times.

Era 12 de dezembro de 1976, estádio do Beira-Rio, Porto Alegre.

Estavam frente a frente Sport Club Internacional e Sport Club Corinthians Paulista.

O Internacional buscava o bi-campeonato brasileiro e o Corinthians o primeiro título da competição.

Vale lembrar que o Corinthians havia consquistado seu último título de importância no ano de 1954. Lá se iam 22 anos, desde então.

Para chegar à decisão, o Internacional havia batido o Atlético Mineiro pelo placar de 2 a 1 em Porto Alegre.

O Corinthians chegava à final depois de protagonizar uma das maiores provas de amor a um clube dada por seus torcedores.

Quem não se lembra da Invasão Corinthiana? Foram aproximadamente 146 mil torcedores que dividiram o maracanã na semi-final.

Metade tricolor, outra metade alvi-negra.

O Corinthians derrubaria o favorito Fluminense numa descisão por penaltis após o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar.

A decisão seria disputada em partida única, como previa o regulamento, por mais esdrúxulo que possa parecer.

E foi dessa forma que o Internacional sagrou-se campeão, em partida única, dentro de seus domínios, pelo placar de 2 a 0, contra o surpreendente Corinthians.

Mas a história não termina por aí.

Alguns fatos interessantes merecem destaque, apesar de ninguém mais se lembrar:

    - Os torcedores do Internacional soltaram rojões durante toda a madrugada no hotel em que o Corinthians estava hospedado.

    - O vestiário do time visitante não oferecia a menor condição de uso. O cheiro dentro do vestiário era muito forte impossibilitando a permanência dos atletas e da comissão técnica.

    - Encontraram frango preto e velas acesas dentro do vestiário.

    - Apenas um jogo, em Porto Alegre.

    - Gol legítimo do Corinthians anulado pelo árbitro da partida: o atual comentarista José Roberto Wright.

    - Ameaça de envenenamento da comida dos jogadores do Corinthians, atrasando o almoço.

    - Agressões da torcida colorada que transformou o estádio em um inferno.

    - Confinamento da torcida do Corinthians, que ficou sem água e sem acesso aos banheiros.

    - O corpo de bombeiros irrigou a torcida colorada para amenizar o calor escaldante mas não o fez para a torcida do Corinthians.

O Internacional reclama até hoje do título brasileiro de 2005. Dizem que perderam o título para a arbitragem.

Não podemos afirmar que o título brasileiro de 2005 ficaria nas mãos do Internacional se o árbitro tivesse dado o pênalti em Tinga. Talvez.

Mas não podemos nos esquecer da história. E esse mesmo Internacional já foi beneficiado em uma final de campeonato brasileiro contra esse mesmo Corinthians.